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terça-feira, 24 de novembro de 2015

Juiz decreta nova prisão de casal enrolado com filho de Lula, e de sócio



O juiz federal Vallisney de Souza Oliveira determinou nesta terça-feira a prisão preventiva de Mauro Marcondes Machado e de sua mulher Cristina Mautoni Marcondes Machado, já presos, e de Francisco Mirto Florêncio da Silva, representante dos dois primeiros em Brasília. Os três são investigados na Operação Zelotes. Mirto foi cumprido nesta tarde.
Segundo informações do Ministério Público Federal, que formulou o pedido de prisão com a Polícia federal, o que motivou o atual pedido das prisões foi a descoberta de que os três, além de integrarem organização criminosa, "investigaram" clandestinamente um procurador do Ministério Público Federal.
No pedido, os investigadores explicam que o casal Mauro e Cristina atua como lobista e que Francisco Mirto, sócio da CVEM Consultoria, é representante da dupla em Brasília.
Em decorrência dessa ligação, Francisco foi um dos alvos das buscas e apreensões deflagradas no fim do mês de outubro. Naquela oportunidade, conforme frisa o delegado da Polícia Federal Marlon Cajado, foi apreendido na residência de Mirto um caderno de anotações onde aparece um grande volume de informações acerca da atividade do grupo. No entanto, uma anotação em especial chamou a atenção da equipe de investigadores.
Uma das informações registradas no caderno - datada do dia 7 de abril de 2010 - , deixa claro que Mirto, Mauro e Cristina investigaram o procurador regional da República José Alfredo de Paula Silva, que atualmente integra a Força-Tarefa do MPF na Zelotes.
Na época, o procurador havia instaurado investigação para apurar a compra de aviões de combate caças pelo governo federal. O caderno traz, além do nome do procurador, a data em que ele voltaria de férias, telefone funcional e, em vermelho, a seguinte orientação: "investigar e informar a Cristina Mau".
Para os investigadores, a descoberta dessas novas informações evidencia o grau de periculosidade do grupo "que não se intimida sequer perante os agentes de Estado, ou seja, membros do Ministério Público, do Poder Judiciário, da Polícia Federal, da Receita Federal, etc, a quem "investigam" para colher elementos intimidatórios, seja por meio de chantagem ou ameaça, seja por atentados à integridade física desses agentes".
O juiz Vallisney de Souza Oliveira afirmou, em sua decisão, que "essa forma de atuar partindo das investigações não pode ser considerado um fato isolado, pois Mauro Marcondes e Cristina Mautoni teriam lançado mão, em outra oportunidade, de um escritório de investigação particular chamado Wagner Nakagawa Intermediação de Negócios Financeiros Ltda (que tem como sócios Midori Nakagawa e Marcos Wagner Machado, este um ex-policial civil), onde foram encontradas duas armas de fogo".
Na mesma decisão judicial, também foi autorizada a realização de nova busca e apreensão na sede da empresa Marcondes e Mautoni Empreendimentos e Diplomacia Corporativa. Neste caso, o objetivo dos investigadores é conseguir novas provas para "materializar os vínculos espúrios evidenciados no material já arrecadado".
Operação Zelotes
A Operação Zelotes apura suspeitas de manipulação de julgamentos no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf). Instaurada no fim de 2013, a investigação é conduzida pelo Ministério Público Federal (MPF) e por outros três órgãos: Polícia Federal, Receita Federal e Corregedoria do Ministério da Fazenda.
Mauro Marcondes e Cristina Mautoni também são investigados no inquérito que apura suspeitas de interferência para garantir a aprovação de Medidas Provisórias que beneficiaram empresas do setor automobilístico, com envolvimento de Luiz Cláudio Lula da Silva, filho do ex-presidente Lula.
Na representação que pede a concessão das prisões preventivas, os procuradores detalham informações e documentos já reunidos pelos investigadores que deixam clara a ligação existente entre Mauro, Cristina e Francisco, bem como a participação deles nas negociações referentes à aprovação da Medida Provisória 471, que foi convertida na Lei 12.218/10. Por meio da CVEM, Francisco recebeu R$ 500 mil da empresa Marcondes e Mautoni. A estimativa é que a negociação – que teria incluído duas grandes empresas do setor automobilístico – poderia render a cifra de R$ 32 milhões, valor que seria distribuído entre vários envolvidos no esquema.
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