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quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

O que a memória ama, fica eterno

"Quando eu era pequeno, não entendia o choro solto de minha mãe ao
assistir a um filme, ouvir uma música ou ler um livro.
O que eu não sabia é que minha mãe não chorava pelas coisas visíveis.
Ela chorava pela eternidade que vivia dentro dela e que eu, na minha
meninice, era incapaz de compreender.
O tempo passou e hoje me emociono diante das mesmas coisas, tocada por
pequenos milagres do cotidiano.
É que a memória é contrária ao tempo.
Nós temos pressa, mas é preciso aprender que a memória obedece ao
próprio compasso e traz de volta o que realmente importou, eternizando
momentos.
Crianças têm o tempo a seu favor e a memória muito recente. Para elas,
um filme é só uma animação; uma música, só uma melodia. Ignoram o quanto
a infância é impregnada de eternidade.
Diante do tempo envelhecemos, nossos filhos crescem, muita gente se despede.
Porém, para a memória ainda somos jovens, atletas, amantes insaciáveis.
Nossos filhos são nossas crianças, os amigos estão perto, nossos pais
ainda são nossos heróis.
A frase do título é de Adélia Prado: "O que a memória ama, fica eterno".
Quanto mais vivemos, mais eternidades criamos dentro da gente.
Quando nos damos conta, nossos baús secretos - porque a memória é dada a
segredos - estão recheados daquilo que amamos, do que deixou saudade, do
que doeu além da conta, do que permaneceu além do tempo.
Um dia você liga o rádio do carro e toca uma música qualquer, ninguém
nota, mas aquela música já fez parte de você - foi a trilha sonora de um
amor, embalou os sonhos de uma época ou selou uma amizade verdadeira - e
mesmo que os anos tenham se passado, alguma parte de você se perde no
tempo e lembra alguém, um momento ou uma história.
Ao reencontrar Amigos da juventude, do Colégio, nos esquecemos que somos
adultos e voltamos a nos comportar como meninos cheios de inocência,
amor e coragem.
Do mesmo modo, perto de nossos pais, seremos sempre "As Crianças", não
importa se já temos 30, 40 ou 50 anos.
Para eles, a lembrança da casa cheia, das brigas entre irmãos, das
histórias contadas ao cair da noite, serão sempre recentes, pois têm
vocação de eternidade.
Por isso é tão difícil despedir-se de um Amor ou alguém especial que por
algum motivo deixou de fazer parte de nossas vidas.
Dizem que o tempo cura tudo, mas talvez ele só tire a dor do centro das
atenções. Ele acalma os sentidos, apara as arestas, coloca um band-aid
na ferida.
Mas aquilo que amamos tem disposição para emergir das profundezas,
romper os cadeados e assombrar de vez em quando.
Somos a soma de nossos afetos, e aquilo que nos tocou pode ser
facilmente reativado por novos gatilhos - uma canção cala nossos
sentidos; um cheiro nos paralisa lembrando alguém; um sabor nos remete à
infância.
Assim também permanecemos memórias vivas na vida de nossos filhos,
cônjuges, ex-amores, amigos, irmãos.
E mesmo que o tempo nos leve daqui, seremos eternamente lembrados por
aqueles que um dia nos amaram." - (autor desconhecido)

(ap. Ely Silmar Vidal - Teólogo, Psicanalista, Jornalista e presidente
do CIEP - Clube de Imprensa Estado do Paraná)

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Mensagem 090118 - O que a memória ama, fica eterno - (imagens da internet)

Que o Espírito Santo do Senhor nos oriente a todos para que possamos
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